Aparelhos celulares fora da escola

O uso prolongado de aparelhos celulares por crianças e jovens já demonstrou ser extremamente danoso à saúde, o que consequentemente é estendido a prejuízos na aprendizagem.

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O Ministério da Educação vem discutindo a possibilidade de nas próximas semanas adotar a proibição de telefones celulares em todas as salas de aula do país e até mesmo nas dependências da escola.

Mudança no perfil

Este processo de conexão à tela do celular pode ser visto também como uma sequela de longa duração do processo de isolamento social que nos conectou ainda mais a estes aparelhos, acelerando a dependência das pessoas com as redes sociais. Aliás, até as improdutivas aulas on-line passaram a depender dele.

Com o retorno das aulas presenciais foi percebida uma nítida mudança no perfil dos estudantes de todos os níveis e evasão em diversos cursos de nível superior dada a crescente oferta de cursos na modalidade à distância.

Este processo pode ser comprovado pelo esvaziamento das bibliotecas e da busca crescente por formas alternativas de conteúdo como as ferramentas de inteligência artificial. Outro caso digno de nota é a dependência dos estudantes de engenharia com as máquinas de calcular. Alguns dos estudantes já não arriscam somar frações simples. Essa dependência com a máquina evidentemente tem reflexos claros no raciocínio lógico e matemático.

Todos estes fatores indicam que o ensino pós-covid e pós-IA não pode seguir a mesma cartilha dos tempos da Enciclopédia na biblioteca e do trabalho de casa com resenha e resumo de conteúdo. Em minha opinião, o professor precisa ser aliado da internet, das redes sociais e da IA, desde que toda esta tecnologia permaneça na casa dos estudantes. Dentro da sala é impossível competir com a telinha brilhante do celular.

Agora quero ouvir a sua opinião. Me conta, o que você acha de tudo isso? É possível assistir uma aula sem dar atenção ao celular?

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Leia o texto anterior de Helinando Oliveira, na coluna Ciência Nordestina: Nobel da IA: A caixa de Pandora?
Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciência