Os moluscos ocupam diferentes funções ecológicas e possuem importância socioeconômica (Foto: Eduardo Freitas / UFC)

Poluição e superexploração dos recursos pesqueiros ameaçam moluscos marinhos

Segundo grupo de animais com mais espécies na natureza, os moluscos são componentes cruciais da fauna marinha. Além de ocuparem diferentes funções ecológicas, possuem importância socioeconômica, sendo fonte de alimento e recursos financeiros para comunidades costeiras tradicionais, bem como para a indústria pesqueira. Calcula-se que existam mais de 2,5 mil espécies de moluscos marinhos no Brasil, cerca de 860 na Argentina e mais de 500 no Uruguai.

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Um artigo publicado na edição de maio da revista Aquatic Sciences aborda a conservação de moluscos marinhos no Atlântico Sul Ocidental. Tendo como primeira autora Cristiane Xerez Barroso e com o título Threats and challenges for the conservation of marine molluscs in the southwestern Atlantic, o estudo é resultado do esforço conjunto de 35 pesquisadores atuantes em 27 diferentes instituições e laboratórios do Brasil, do Uruguai e da Argentina.

A pesquisa constatou que, apesar da relevância, os moluscos sofrem diversas ameaças no Atlântico Sul Ocidental, como degradação de seus habitats, poluição – por microplásticos, por exemplo -, sobre-exploração de recursos pesqueiros, aumento da temperatura e dos níveis do mar e a acidificação oceânica. Outro destaque dos cientistas foi acerca dos desafios a serem superados para conservação desse grupo de animais marinhos.

Autoras

Cristiane Barroso: Um dos principais desafios é aumentar os investimentos em pesquisas com moluscos marinhos (Foto: Ribamar Neto / UFC)

Cristiane Barroso é bióloga, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais da Universidade Federal do Ceará (UFC) e, atualmente, é responsável técnica das coleções científicas e didática de invertebrados marinhos presentes no Laboratório de Invertebrados Marinhos do Ceará e no Laboratório Didático de Zoologia, ambos no Departamento de Biologia da UFC.

Além de Barroso, outras duas pesquisadoras de instituições cearenses integraram os estudos: as professoras Helena Matthews-Cascon, do Departamento de Biologia da UFC, e Rafaela Camargo Maia, do Instituto Federal do Ceará (IFCE) – Campus Acaraú.

Conservação de ecossistemas

“Um dos principais desafios é aumentar os investimentos em pesquisas com moluscos marinhos, incluindo contratação de profissionais especializados e melhoria na infraestrutura, em um cenário amplo de desinvestimento na área educacional. Além disso, é necessário fortalecer a gestão e a governança para a conservação de ecossistemas, incluindo o controle da poluição marinha e da introdução de espécies não nativas, e aprimorar medidas de manejo e a legislação que regulamenta a pesca de moluscos”, comenta a pesquisadora.

Enfatiza ainda a primeira autora que outras medidas necessárias são do âmbito da educação ambiental, com apresentação às comunidades sobre o papel dos moluscos na natureza, e o incentivo a projetos que envolvam ciência cidadã.

Desenvolvimento sustentável

A pesquisa, cujas articulações tiveram início em 2023, se alinha com as premissas da Década da Ciência Oceânica para o desenvolvimento Sustentável (2021-2030) e com o 14º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – “Vida Abaixo da Água”, ambos designados pela Organização das Nações Unidas (ONU), ao reconhecer a importância dos ecossistemas marinhos para o equilíbrio do planeta e a necessidade de investigá-los e conservá-los. O texto completo do artigo pode ser acessado por assinantes na revista Aquatic Sciences.

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