(Foto: RS /Fotos Publicas)

E se fossem os seus filhos?

(Helinando Oliveira)

Se estivéssemos todos em um ônibus rumo a um destino imaginário chamado dignidade, com passageiros que estudaram história e que usam o aprendizado de todo o passado para construir um futuro melhor, estaria eu entrando a dizer:

Eu poderia estar falando sobre nanotecnologia, supercapacitores e nanogeradores de energia, afinal esta é a ciência que faço, exata e dura. No entanto, eu sou um ser humano, e o que vim fazer hoje foi apelar pela humanidade de todos vocês. Quero contar uma história e saber como vocês se sentem.

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Imagine que seu país tenha 41 quilômetros de comprimento e de 6 a 12 quilômetros de largura, com uma área total de 365 quilômetros quadrados e que tenha sido completamente destruído por um exército inimigo. Não bastasse a destruição, você não consegue sair de seu país, pois está espremido entre o inimigo e o mar além de fronteiras fechadas.

Tudo o que você tem a fazer é permanecer fugindo dos ataques que se sucedem, correndo de um lado para o outro. Você não tem casa, internet, luz, água e nem comida. A assistência humanitária não consegue chegar até você e seus filhos estão magros, definhando e literalmente morrendo de fome. O que seus filhos inocentes fizeram para merecer este destino? O que você esperaria de seus irmãos de outros países? Todo mundo já sabe que a fome de seus filhos está sendo usada como estratégia de guerra.

Eu esperaria no mínimo uma comoção global que forçasse um cessar fogo imediato e a criação de corredores humanitários para fazer chegar comida a estas crianças. E urgente!

Ao contrário do que se poderia imaginar, o mundo está entretido com futilidades. A internet está encantada com o moranguinho do amor… As taxações absurdas e intervencionistas… A narrativa midiática trabalhando a todo o vapor para suavizar os fatos, levando os atos de terrorismo de 08 de janeiro a serem relativizados a uma trama golpista e os planos de matar um presidente da república a serem chamados de “planos para neutralizar autoridades”.

Todavia, inocentes continuam a morrer… O mundo viveu o terror do holocausto de 1933 a 1945 e parece não ter aprendido nada com isso. Em pleno 2025 vemos o horror nos olhos de inocentes. Para onde foi a nossa humanidade?

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Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciência