No total, o CNPq aprovou 6.057 bolsistas.

Quatro instituições nordestinas entre as 15 com maior número de Bolsas de Produtividade

Quatro instituições nordestinas estão entre 15 instituições com maior número de propostas aprovadas na chamada de Bolsas de Produtividade 2024 – uma das mais tradicionais políticas públicas de fomento à ciência, tecnologia e inovação do país, concedidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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As universidades federais de Pernambuco (UFPE), da Bahia (UFBA), do Ceará (UFC) e do Rio Grande do Norte (UFRN) conquistaram, respectivamente, 123, 103 (UFC e UFBA) e 98 bolsas. No total, o CNPq aprovou 6.057 bolsistas: 5.623 em Produtividade em Pesquisa (PQ), o que representa 40% da demanda; 85 em Produtividade em Pesquisa Sênior (PQ-Sr), 55% da demanda; e 349 em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora (DT), cerca de 30% da demanda.

O portal Nossa Ciência conversou com a professora Silvana Zucolotto, pró-reitora de Pesquisa da UFRN, e com o professor Pedro Valadão Carelli, pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UFPE. Ambos atribuem os bons resultados às políticas internas que vêm ampliando as condições de trabalho para os docentes.

Pedro Carelli destacou que a UFPE historicamente apresenta desempenho relevante nos indicadores de ciência .

Carelli destacou que a UFPE historicamente apresenta desempenho relevante nos indicadores de ciência e classificou a Bolsa de Produtividade como a mais importante do sistema de fomento à pesquisa no Brasil. Entre as ações específicas, a Propesqui concedeu auxílio financeiro aos docentes que ficaram na suplência em editais anteriores, o que lhes possibilitou condições para a aprovação da bolsa nesta edição.

“E o mais importante é que ter a Bolsa de Produtividade facilita o acesso a outros recursos, como bolsas de pós-graduação e auxílio para laboratórios”, afirmou Carelli.

UFRN

Para Silvana Zucolotto, A conquista dessas bolsas é estratégica.

A UFRN foi contemplada com 98 bolsas, das quais, 56 foi renovação.  Metade das 42 novas bolsas é destinada a mulheres. Para Silvana Zucolotto, a Universidade tem se destacado na pesquisa nos últimos anos, o que pode ser comprovado por diversos indicadores. Como exemplo, a pró-Reitora cita “o aumento da produção científica qualificada, a formação de recursos humanos, a melhoria da qualidade dos programas de pós-graduação, a ampliação da captação de recursos externos e o fortalecimento das ações de internacionalização.”

Algumas ações promovidas pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq) têm contribuído diretamente para esse avanço. Um exemplo é o Edital Interno de Fomento à Produtividade em Pesquisa, que beneficiou docentes bem avaliados pelo CNPq, mas não contemplados devido a restrições orçamentárias. Em 2024, o edital investiu R$ 300 mil e atendeu 10 pesquisadores por grande área do conhecimento. Segundo levantamento da Propesq, seis desses docentes obtiveram bolsas PQ e/ou DT no ano seguinte.

A professora Aline Ghilard é uma das contempladas da UFRN (Foto: Instagram)

Zucolotto relata ainda a realização de uma oficina de capacitação voltada à preparação de propostas para a Chamada 18/2024 – CNPq. “Convidamos um bolsista PQ de cada grande área do conhecimento, além de um bolsista DT, que, em conjunto com a equipe da Propesq, esclareceram dúvidas dos docentes e compartilharam estratégias importantes para a elaboração das propostas. Os relatos recebidos após o resultado da chamada indicaram que a ação foi bastante eficaz, pois muitos docentes seguiram as orientações e se sentiram mais seguros na preparação das propostas”, avalia.

Na opinião da pró-reitora, o resultado é motivo de orgulho para a instituição. “A conquista dessas bolsas é estratégica, pois os recursos concedidos pelo CNPq contribuem de forma independente e flexível para o fortalecimento das atividades de pesquisa dos docentes e de seus respectivos grupos de pesquisa”, finaliza.

UFC

A UFC obteve aprovação para 103 bolsas de produtividade (PQ e DT), sendo 29 delas novas e 31 destinadas a mulheres – 30% do total. A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) celebrou o desempenho dos pesquisadores, que resultou em um aumento de 30% no número de novos bolsistas. As mulheres representam 40,34% do corpo docente, sendo 31% bolsistas PQ.

Regina Célia: Devemos incentivar mais as mulheres na pesquisa.

“Devemos incentivar mais as mulheres na pesquisa para que possamos chegar a uma equidade”, observa a pró-reitora Regina Célia Monteiro à Agência de Comunicação da UFC. A gestora ressalta que, com o resultado da chamada, a UFC passa a contar com três pesquisadoras nível A nas bolsas de pesquisa: a professora Luciana Gonçalves, do Departamento de Engenharia Química, junta-se às professoras Diana Azevedo, vice-reitora da UFC e docente do mesmo departamento, que teve sua bolsa renovada, e Cláudia Pessoa, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia, cuja bolsa está em vigência.

Na instituição, 100 pesquisadores foram contemplados com bolsas PQ: 82 no nível C (25 mulheres), 14 no nível B (4 mulheres) e 4 no nível A (2 mulheres). Outros três pesquisadores receberam bolsas DT: um no nível B e dois no nível C.

Sobre o programa

Segundo o CNPq, o resultado da chamada superou a previsão inicial, com mais de mil bolsas adicionais, promovendo a renovação do quadro, que atualmente soma cerca de 16 mil bolsistas. Entre as bolsas PQ e PQ-Sr aprovadas, 7,5% são de nível A, 12% de nível B e 80,5% de nível C. Para as bolsas DT, os percentuais são de 1%, 12% e 87%, respectivamente.

As bolsas estão distribuídas em todo o país: 52,5% no Sudeste, 19,4% no Sul, 17,1% no Nordeste, 6,9% no Centro-Oeste e 4,1% no Norte. Considerando apenas os novos bolsistas, 45% são do Sudeste, 19% do Sul, 21% do Nordeste, 7% do Centro-Oeste e 6,5% do Norte – totalizando 33% para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, acima da meta de 30%.

As bolsas PQ e DT destinam-se a pesquisadores com produção científica expressiva. A modalidade DT foca na atuação em desenvolvimento tecnológico e inovação. Em ambos os casos, o objetivo é valorizar o trabalho dos pesquisadores, viabilizar projetos e fortalecer a produção de conhecimento nas universidades, institutos de pesquisa e outras instituições.

Os critérios de seleção incluem tempo de doutorado, publicações, orientações, gestão científica e liderança. Para o nível C, considera-se a produção nos últimos cinco anos; para os níveis B e A, os últimos dez. No nível B, avalia-se também a organização de grupos de pesquisa e programas de pós-graduação. Já o nível A exige excelência continuada, liderança consolidada e capacidade de explorar novas fronteiras científicas.

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