O papel da ciência é não apenas compreender o mundo, mas também se posicionar em defesa da vida e da dignidade humana. (Foto: Agência Brasil)

Academia Pernambucana de Ciências condena ataques a civis palestinos e defende solução de dois Estados

Em pronunciamento público divulgado nesta terça-feira (29), a Academia Pernambucana de Ciências expressou posição firme diante da crise humanitária no Oriente Médio. “A ciência, como expressão do humanismo e da razão, não pode se calar diante de tamanha tragédia”, declarou a entidade, referindo-se ao impacto devastador das ações militares recentes sobre a população civil palestina. A instituição afirma sentir “a mais profunda indignação com o sofrimento infligido à população civil palestina” e se une “às vozes internacionais que exigem um cessar-fogo imediato, o acesso irrestrito à ajuda humanitária e o respeito à dignidade e aos direitos fundamentais” daquele povo. O comunicado ressalta que a continuidade da violência amplia o risco de instabilidade regional e dificulta qualquer perspectiva de solução pacífica.

O posicionamento, aprovado pela assembleia da instituição em 26 de julho, no Recife (PE), destaca que os palestinos enfrentam há mais de 75 anos um cenário de ocupação, segregação territorial e violações sistemáticas de direitos. De acordo com a Academia, a atual ofensiva em Gaza resultou na morte de dezenas de milhares de civis — entre eles um número alarmante de crianças — e provocou o colapso de hospitais, redes de abastecimento e outras infraestruturas vitais. A Academia também denuncia o uso da fome, do cerco e da restrição à ajuda humanitária como instrumentos de guerra, classificando tais práticas como “grave violação do direito internacional”, citando reconhecimentos de relatorias da ONU e manifestações preliminares da Corte Internacional de Justiça.

No documento, a entidade reitera seu apoio à chamada solução de dois Estados, considerada pela comunidade internacional como o caminho mais viável para encerrar o conflito. “Defendemos um Estado israelense internacionalmente reconhecido ao lado de um Estado palestino soberano, com a Cisjordânia e a Faixa de Gaza sob jurisdição palestina e Jerusalém Oriental como parte integrante do território ocupado desde 1967”, afirma a nota. A Academia ressalta que tal arranjo deve vir acompanhado de garantias mútuas de segurança e pleno direito à autodeterminação, criando as condições necessárias para uma convivência pacífica e estável entre israelenses e palestinos.

Ao final, a Academia sublinha que a paz duradoura depende de bases sólidas. “A paz duradoura só será possível com base no diálogo, na justiça, no respeito ao direito internacional e no compromisso com a convivência pacífica entre os diferentes povos da região — judeus, árabes, cristãos, muçulmanos e demais comunidades semitas”, reforça o comunicado. A entidade também manifesta solidariedade às famílias de todas as vítimas civis, independentemente de nacionalidade ou religião, e conclama instituições científicas e culturais a contribuírem para a construção de uma paz justa e inclusiva. Para a entidade, é papel da ciência não apenas compreender o mundo, mas também se posicionar em defesa da vida e da dignidade humana.

LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA

Moção da Academia Pernambucana de Ciências em solidariedade ao povo palestino e pela paz na região

A Assembleia da Academia Pernambucana de Ciências, reunida em 26 de julho de 2025, aprovou a seguinte moção de solidariedade ao povo palestino e de apelo à paz duradoura no Oriente Médio.

Há mais de 75 anos, os palestinos convivem com a ocupação, a segregação territorial e a violação sistemática de seus direitos fundamentais. As ações militares recentes em Gaza, que resultaram na morte de dezenas de milhares de civis, incluindo crianças, no colapso dos sistemas de saúde e abastecimento, e na destruição de infraestrutura essencial, constituem uma tragédia humanitária de proporções alarmantes. O uso da fome, do cerco e da negação de ajuda humanitária como instrumentos de guerra constitui grave violação do direito internacional e dos tratados das Nações Unidas, como reconhecido por relatorias da ONU e por manifestações preliminares da Corte Internacional de Justiça. A Academia manifesta sua mais profunda indignação com o sofrimento infligido à população civil palestina e se junta às vozes internacionais que exigem um cessar-fogo imediato, a garantia de acesso irrestrito à ajuda humanitária e o respeito à dignidade e aos direitos do povo palestino.

Ao mesmo tempo, a Academia reitera sua defesa da solução de dois Estados, conforme resoluções da ONU: um Estado israelense internacionalmente reconhecido, ao lado de um Estado palestino soberano, que compreenda a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, com garantias mútuas de segurança e autodeterminação. Essa solução pressupõe o reconhecimento de Jerusalém Oriental como parte integrante do território palestino ocupado desde 1967.

Reafirmamos que a paz duradoura só será possível com base no diálogo, na justiça, no respeito ao direito internacional e no compromisso com a convivência pacífica entre os diferentes povos da região – judeus, árabes, cristãos, muçulmanos e demais comunidades semitas.

A ciência, como expressão do humanismo e da razão, não pode se calar diante de tamanha tragédia. A Academia Pernambucana de Ciências se solidariza com as famílias de todas as vítimas civis de ambos os lados do conflito e se junta aos esforços pela reconstrução de uma paz justa e duradoura para israelenses e palestinos.

Recife, 29/07/2025

Diretoria, Academia Pernambucana de Ciências