No RN, a devastação da Caatinga teve como causa o pasto, a mineração, a produção de lenha e carvão. Agora, a ameaça são as usinas solares. (Foto: Scatec / Divulgação)

Açu troca Caatinga por usinas solares

A Caatinga no Rio Grande do Norte já deu lugar ao pasto, à mineração, à produção de lenha e carvão, entre outras causas de devastação. Agora, uma nova ameaça está contribuindo para elevar no Estado os índices de desmatamento do único bioma exclusivamente brasileiro: as usinas solares.

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De acordo com levantamento concluído esta semana pela iniciativa MapBiomas, em 2016 os painéis fotovoltaicos ocupavam 2,32 hectares do Semiárido potiguar. Em 2024, essa área passou para 3.552,49 hectares. Um aumento de 16,27%, fazendo com que o Estado ocupe o terceiro lugar, no Nordeste, entre os que mais perderam caatinga para usinas solares, em nove anos.

No Brasil, o RN está em quarto lugar entre os Estados que mais perderam Caatinga para usinas solares entre 2016 e 2024. O aumento em nove anos foi de 16,27 %. O primeiro é Minas Gerais (59,84%); o segundo, Bahia (25,48%), o terceiro, Piauí (17,35%); o quinto, Ceará (14,77%); e o sexto, Pernambuco (12,22%).

Assú, a 201 quilômetros de Natal, está entre os dez municípios do Brasil que mais perderam Caatinga para usinas solares, com 1.701 hectares de caatinga suprimidos entre 2016 e 2024.

Maior perda

Transições de cobertura e uso da terra no bioma Caatinga para usinas fotovoltaicas entre 2016 e 2024 por estado. (Fonte: Mapbiomas)

Juazeiro  (BA), em todo o Nordeste, é o município com maior registro de remoção da Caatinga para dar lugar a empreendimentos solares. De 2016 a 2024, o município baiano perdeu 2.303 hectares para os painéis fotovoltaicos. No país, fica atrás apenas de Jaíba (MG), com 2.840 hectares de Caatinga desmatados, e Janaúba (MG), com 2.409 hectares.

Os dados divulgados esta semana são complementares ao estudo lançado em agosto. Os números do MapBiomas mostram que no Brasil o crescimento se deu a partir de 2016, com 822 hectares de área ocupados por instalações de médio a grande porte destinadas à geração de energia elétrica por conversão direta da luz solar, com foco na comercialização da energia.

“Em 2024, essa área já era de 35,3 mil hectares. Quase dois terços (62%, ou 21,8 mil hectares) estão na Caatinga; cerca de um terço (32%, ou 11,2 mil hectares) fica no Cerrado; e 6% (2,1 mil hectares) está na Mata Atlântica. Juntos, Minas Gerais, Bahia, Piauí e Rio Grande do Norte possuem 74% da área mapeada com usinas fotovoltaicas em 2024: 25,9 mil hectares”, diz o relatório.

Desse total, 13,1 mil hectares, ou 37% de toda a área ocupada por usinas fotovoltaicas no Brasil, estão em Minas Gerais.  Quase metade (44,5%, ou 15,7 mil hectares) da área convertida para usinas fotovoltaicas era formações savânicas e 36,6% (12,9 mil hectares) da área convertida para usinas fotovoltaicas era pastagens.

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