Expectativa é fortalecer a cadeia produtiva do melão potiguar, (Foto: Analice Sousa)

Agricultura no semiárido

(Texto: Rodolpho Albuquerque / Produção: Passos Jr)

Na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), pesquisadores têm buscado novas estratégias para tornar a agricultura do semiárido mais sustentável. Entre as iniciativas em andamento, um projeto voltado ao cultivo do melão — fruta símbolo da exportação potiguar – vem se destacando por aliar tecnologia, sustentabilidade e respeito ao meio ambiente.

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A pesquisa é conduzida por Leonardo Ângelo de Mendonça, de 25 anos, estudante do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia da Ufersa, e investiga o uso de um ativo biodegradável capaz de melhorar o desenvolvimento do melão e reduzir os efeitos da salinidade da água, um dos principais desafios da produção agrícola no semiárido nordestino.

Durante os experimentos, a equipe utiliza a variedade Goldex do melão, cultivada em um sistema semi-hidropônico — técnica em que as plantas crescem sobre um material inerte, recebendo nutrientes e água de forma controlada. Nesse caso, o substrato utilizado é a fibra de coco, que proporciona maior produtividade e menor desperdício hídrico.

Salinidade

O professor NIldo Dias (à esquerda) e o pesquisador Leonardo Mendonça. (Foto: Analice Sousa)

Segundo Mendonça, o objetivo é encontrar alternativas que tornem o plantio do melão mais resistente à salinidade. “O interesse da nossa pesquisa surgiu da necessidade de adotar novas tecnologias que mitiguem o efeito das águas salobres da região. A salinidade afeta diretamente o crescimento e o desenvolvimento das plantas”, explica o mestrando em Fitotecnia.

Ele destaca ainda que a fibra de coco foi escolhida por sua eficiência na retenção de água e por contribuir com a sustentabilidade do processo. “Apesar de ser um material inerte, sem nutrientes próprios, a fibra de coco oferece boa sustentação e alta capacidade de armazenar água. Isso permite reduzir a frequência de irrigação e evitar desperdícios, o que é essencial no semiárido”, complementa.

O professor Nildo da Silva Dias, professor titular da Ufersa e bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq – Nível A e orientador do projeto, reforça que o sistema semi-hidropônico é uma alternativa promissora para regiões áridas. “Os cultivos semi-hidropônicos, especialmente quando associados a ambientes protegidos, trazem várias vantagens em relação ao cultivo tradicional a céu aberto. Há maior eficiência no uso da água e produção equivalente com menor volume hídrico, algo crucial em áreas como a Chapada do Apodi, onde o melão é um dos principais produtos de exportação”, destaca Dias.

Após a colheita, os frutos passam por análises no Laboratório de Pós-Colheita, etapa essencial para avaliar a qualidade e o potencial comercial do produto. A pesquisadora Maria Valdiglézia de Mesquita Arruda, pós-doutoranda na linha de salinidade da água, explica que essa fase permite identificar características desejadas pelo mercado.

Pequenos e grandes agricultores

Maria Valdiglézia Arruda e Alison Araújo (Foto: Analice Sousa)

“Avaliamos tamanho, teor de açúcar, textura, qualidade e peso. Esses parâmetros mostram se o fruto está apto para o consumo e ajudam a determinar o potencial do melão produzido aqui para beneficiar tanto pequenos quanto grandes produtores”, ressalta Arruda.

O projeto também tem despertado o interesse de jovens pesquisadores, como Alison Miguel Martins de Araújo, estudante de Engenharia Agrícola e Ambiental e bolsista de iniciação científica. “Participar dessa pesquisa ainda na graduação tem sido uma experiência transformadora. Aprendemos na prática sobre irrigação, polinização, manejo e pós-colheita. Isso me dá base e segurança para atuar em futuras pesquisas e no campo profissional”, conta.

Com o avanço dos estudos e a formação de novos talentos, o projeto reforça o papel da Ufersa como referência em inovação agrícola adaptada ao semiárido. A expectativa é que os resultados sejam aplicados em larga escala, oferecendo soluções sustentáveis e economicamente viáveis para o cultivo do melão e fortalecendo ainda mais a cadeia produtiva do fruto potiguar, símbolo da agricultura exportadora do Rio Grande do Norte.

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