(Sophia Araújo e Wilson Galvão – AGIR/UFRN)
Um gel fitoterápico inovador, com propriedades antibacterianas e antifúngicas, tornou-se o novo objeto de pesquisa de inventores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), foi depositado, em agosto, o pedido de patente intitulado: “Formulação tópica à base de extrato da folha de Cenostigma bracteosum (Tul.) Gagnon & G.P. Lewis (Catingueira) com atividade antibacteriana e antifúngica, sua forma de obtenção e usos”.
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A formulação foi desenvolvida a partir do extrato seco das folhas da planta popularmente conhecida como catingueira, típica do bioma da Caatinga, exclusivo do Brasil. O produto desponta como alternativa promissora para o tratamento tópico de lesões cutâneas e de mucosa, com base em medicina natural.
O gel obtido demonstrou eficácia contra bactérias dos gêneros Staphylococcus e Escherichia, e contra fungos do gênero Candida, microorganismos comumente relacionados a infecções de pele. As doenças causadas por estafilococos (bactéria Staphylococcus) podem variar de lesões cutâneas, como furúnculos e impetigo, a quadros mais graves e potencialmente fatais, incluindo pneumonia, endocardite (inflamação no coração), septicemia (disseminação sistêmica) e intoxicações alimentares. O tipo de manifestação depende da localização e da variedade da bactéria.
Resistência bacteriana e fúngica
Já a bactéria Escherichia coli (E. coli) pode causar uma variedade de doenças, incluindo diarreia (como a do viajante e a provocada por cepas hemorrágicas), além de acometer o trato urinário (cistite e pielonefrite), os pulmões (pneumonia), o sangue (sepse) e, em recém-nascidos, o sistema nervoso central (meningite). A transmissão ocorre principalmente por meio de alimentos ou água contaminados e práticas inadequadas de higiene.

Addison Ribeiro realizou a pesquisa no doutorado no Programa de Pós-Graduação em Química (PPgQ). O trabalho ganha relevância frente ao crescente problema da resistência bacteriana e fúngica, agravado pelo uso prolongado de antibióticos convencionais. Esse cenário impõe desafios significativos à farmacologia no tratamento de infecções. “Moléculas de origem vegetal podem ser mais seguras, provocar menos efeitos colaterais e ainda atuar de forma complementar ou substitutiva aos medicamentos já existentes”, destaca Addison.
Segundo os inventores, a formulação foi pensada para uso tópico e oferece praticidade, segurança e benefícios, por se tratar de um insumo natural da biodiversidade brasileira. “É possível vislumbrar esta formulação como um fitoterápico de uso tópico em lesões de pele ou mucosa, apresentando uma alternativa ou complementaridade aos antimicrobianos atualmente utilizados”, explica o professor Leandro De Santis Ferreira, orientador da tese resultante da pesquisa.
Atualmente, a equipe multidisciplinar de pesquisadores trabalha na identificação das moléculas ativas presentes no extrato e planeja estudos e novos testes de eficácia antimicrobiana. Com o avanço das pesquisas, o gel fitoterápico à base da catingueira pode se tornar um aliado importante na saúde pública, ampliando o leque de opções para o tratamento de infecções e reforçando a importância de se investir na ciência nacional e na riqueza da biodiversidade da Caatinga.
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