Pesquisa já havia identificado que o ato de pedalar pode reduzir e organizar a atividade cerebral (Foto: Cícero Oliveira / UFRN)

Pesquisa sobre ciclismo e parkinson ganha o 1º lugar no Selo Bicicleta Brasil

(Redação Nossa Ciência, com informações da Agecom/UFRN)

O projeto de pesquisa Pedala Parkinson: A bicicleta como suporte terapêutico para a doença de Parkinson foi contemplado com a primeira colocação do Prêmio Bicicleta Brasil, na categoria Saúde e Qualidade de Vida, promovido pelo Ministério das Cidades. A premiação reconhece ações de todo o país voltadas à promoção da mobilidade ativa, sustentabilidade, saúde, qualidade de vida e inclusão social.

Em sua segunda edição, o prêmio habilitou 428 iniciativas em 24 categorias, que contemplam desde o incentivo à cultura da bicicleta até o planejamento urbano sustentável. Todos os projetos habilitados receberam o Selo Bicicleta Brasil.

Estudo coordenado por John Fontenele Araújo, da UFRN, já havia detectado que o ato de pedalar pode reduzir e organizar a atividade cerebral, além de ativar sistemas produtores de dopamina — a substância do prazer.

Em entrevista ao Portal Nossa Ciência, o professor, que também é ciclista, comemorou a conquista. “O mais importante é o reconhecimento, por parte do Ministério das Cidades, de que um projeto de pesquisa nosso tem impacto social. Isso demonstra que a UFRN faz pesquisa de qualidade e com relevância social”, ressaltou.

O objetivo do Ministério das Cidades com o Selo Bicicleta Brasil é divulgar e reconhecer práticas que incentivem o uso da bicicleta no meio urbano.

Pedal e cérebro

O professor John Fontenele Araújo, que também é ciclista, comemorou o Prêmio.

Desenvolvida há dez anos, a pesquisa é realizada pela UFRN em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e instituições do Reino Unido. Nela, foi mapeada a atividade cerebral de 24 adultos saudáveis enquanto pedalavam em uma bicicleta ergométrica. Os resultados revelaram que o estímulo sensorial ao pedalar — especialmente de olhos fechados — promove uma maior organização da atividade neuronal, uma capacidade frequentemente comprometida por doenças neurológicas.

Em matéria publicada na página da UFRN, John Fontenele Araújo, coordenador da pesquisa, explica que o ato de pedalar é uma atividade simétrica e cíclica, o que exige menos do cérebro e reduz o nível de entropia dos sinais elétricos entre as células. “Os experimentos têm demonstrado que os efeitos do ato de pedalar são semelhantes aos da medicação utilizada por pacientes com Parkinson”, enfatizou.

Segundo Araújo, a próxima etapa da pesquisa envolve a realização de testes semelhantes com pacientes com Parkinson, além de avaliações de caminhada antes e depois da pedalada. A expectativa é que, com o avanço dos estudos, seja possível associar o uso de medicamentos à prática do ciclismo, com o benefício adicional de reduzir o sedentarismo.

Atualmente, o projeto prevê uma parceria com outros setores da UFRN para construir imagens tridimensionais de locais como as ciclovias da universidade, a Via Costeira e a Rota do Sol, que serão transformadas em vídeos de realidade virtual — recurso que pode potencializar os efeitos da atividade. A pesquisa conta com financiamento do CNPq e da Capes.

Apoio ao Nossa Ciência

O pesquisador John Fontenele é um dos apoiadores financeiros do Portal Nossa Ciência. Se você também deseja apoiar este projeto de divulgação científica, entre em contato pelo e-mail nossaciencia2@gmail.com ou envie um Pix para a chave contato@nossaciencia.com

Esta matéria foi publicada originalmente em 24/10, quando o projeto foi classificado para a primeira etapa.

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Foto: Cícero Oliveira/UFRN