O desafio de diagnosticar precocemente o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) pode ganhar novas ferramentas a partir de um projeto que une inteligência artificial, jogos sérios e neurofeedback. A proposta, liderada pelo Instituto Santos Dumont (ISD), em Macaíba (RN), foi aprovada na Chamada Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), um dos editais mais concorridos da agência. O financiamento aprovado é de R$ 226 mil.
Você percebeu que o Nossa Ciência não tem fontes de recursos? Considere contribuir com esse projeto, mandando pix para contato@nossaciencia.com
O portal Nossa Ciência conversou com o coordenador do projeto, professor Denis Delisle-Rodriguez, do Programa de Pós-Graduação em Neuroengenharia.
“Ver nosso projeto de pesquisa aprovado na Faixa B de Grupos Consolidados neste Edital Universal 2024, grandemente concorrido no Brasil, gerou uma alegria imensa, fazendo-nos acreditar nas soluções tecnológicas que estamos desenvolvendo para melhorar o diagnóstico e qualidade de vida de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)”, afirma Delisle-Rodriguez.
IA e estímulos lúdicos
O projeto busca criar um sistema de baixo custo para apoiar o diagnóstico do TEA. A ideia é utilizar inteligência artificial combinada a respostas fisiológicas e estímulos lúdicos para identificar sinais do transtorno, muitas vezes confundidos com sintomas de outros quadros, como TDAH e Transtorno de Desenvolvimento da Linguagem (TDL).
“É um desafio realizar um diagnóstico precoce do TEA porque os sintomas se sobrepõem a outros transtornos”, explica o pesquisador. “Os recursos aprovados no projeto vão nos permitir ampliar os testes com crianças no Brasil e continuar melhorando a acurácia desta solução diagnóstica baseada em inteligência artificial.”
Além do diagnóstico, a proposta prevê intervenções por meio de jogos sérios e interfaces cérebro-computador que estimulam atenção e comunicação verbal. O grupo do ISD já conduz testes laboratoriais usando essas tecnologias associadas, por exemplo, à musicoterapia. Agora, com o novo financiamento, a expectativa é dar o salto das experiências em laboratório para as primeiras intervenções clínicas.
A iniciativa tem fôlego internacional: conta com a participação de pesquisadores da University of Connecticut (EUA), Flinders University of South Australia (Austrália) e University of Toronto (Canadá), além de uma rede de colaboradores no Brasil — entre eles professores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e do Instituto Federal do Paraná (IFPR).
Fortalecer a rede
Segundo o coordenador, parte do investimento será destinada justamente a fortalecer instituições parceiras em fase de consolidação. “Pesquisadores da Universidade Federal de Espírito Santo, em São Mateus, e do Instituto Federal do Paraná – Campus Telêmaco Borba, que participam do projeto, serão beneficiados. O recurso prevê compras de equipamentos e bolsas de iniciação científica que motivarão alunos da graduação a atuar em um tópico relevante e atual orientado às crianças com TEA”, ressalta Delisle-Rodriguez.
Ao mesmo tempo em que cria oportunidades para estudantes e pesquisadores, a iniciativa pode representar um passo importante para famílias que aguardam diagnósticos mais rápidos e precisos. “Estamos avançando em soluções tecnológicas em benefício das crianças com TEA e fomentando conhecimento em tópicos de grande interesse para nossos alunos de pós-graduação e iniciação científica”, conclui o pesquisador.
O projeto conta com participação do também professor-pesquisador Gabriel Vasiljevic e das preceptoras neuropsicólogas Caroline Leôncio, Samantha Maranhão e Luana Metta, todos do ISD.
Se você chegou até aqui, considere contribuir para a manutenção desse projeto. Faça um pix de qualquer valor para contato@nossaciencia.com
Leia também:
Projeto de pesquisa do ISD sobre autismo é aprovado em programa nacional









Entre na discussão