Paiva Rebouças: O combate às notícias falsas exige agilidade, linguagem acessível e formatos compatíveis com o consumo digital atual. (Foto: Cicero Oliveira / Agecom UFRN - Cedida)

Pesquisa revela crise de credibilidade no ambiente digital

(Redação Nossa Ciência)

A Pesquisa de Percepção Pública da Ciência, divulgada pelo Centro (CGEE) revela que 73% da população brasileira busca informações sobre ciência, tecnologia, saúde e meio ambiente nas redes sociais, aplicativos de mensagens e/ou plataformas digitais. Por outro lado, pouco mais da metade das pessoas entrevistadas afirma se deparar com frequência com notícias que lhes parecem falsas nesses ambientes.

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Ouvido pelo Portal Nossa Ciência, o diretor da Agência de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Agecom/UFRN), Paiva Rebouças, analisou os dados. Ele afirma que os indicadores refletem um cenário complexo e desafiador, com aspectos positivos e preocupantes. “Por um lado, é positivo ver que a maioria da população busca se informar sobre ciência e tecnologia nas plataformas digitais, o que mostra interesse e abertura ao conhecimento. Por outro, o fato de metade dos entrevistados identificar conteúdos que parecem falsos revela o tamanho da crise de credibilidade e a velocidade com que a desinformação circula nesses ambientes”, descreve.

Entraves da burocracia

A mais antiga instituição de ensino superior do Rio Grande do Norte, a UFRN é também a maior produtora de notícias ciência, tecnologia e inovação do Estado. Para o jornalista, o combate às notícias falsas exige agilidade, linguagem acessível e formatos compatíveis com o consumo digital atual, embora reconheça que o serviço público, por sua natureza, enfrenta limitações para operar nesse ritmo. “A burocracia, os processos internos e a necessidade de seguir protocolos muitas vezes dificultam respostas rápidas e ações mais ousadas”, lamenta.

A constatação dos entraves impostos pela burocracia, entretanto, vem acompanhada de alternativas eficientes de disseminação de informações. Rebouças garante que há caminhos possíveis, desde que haja esforço coletivo e interesse institucional. “A comunicação pública geralmente possui profissionais muito qualificados que, atuando de forma integrada, pode se beneficiar de estratégias jornalísticas mais narrativas, que humanizem os dados e aproximem o público dos temas científicos”, detalha.

O profissional de Comunicação observa que alcançar eficiência na divulgação científica não se trata de competir com o algoritmo, mas de construir autoridade e confiança ao longo do tempo. Ele aponta como estratégias o uso de vídeos curtos, parcerias com divulgadores científicos e presença ativa nas redes. Todas são formas de ocupar espaços com conteúdo confiável, mas que precisam ser ampliadas. “Também é importante investir em escuta social, monitorar tendências e boatos e responder com clareza e consistência quando necessário ou provocado”, enfatiza.

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