(Helinando Oliveira)
O conceito de point-of-care é bem difundido na área da saúde e vem evoluindo com o desenvolvimento da moderna instrumentação especializada e de fácil operação que permite diagnósticos rápidos e de especial interesse para regiões de difícil acessibilidade. Seu desenvolvimento é de fundamental importância para a democratização do acesso ao sistema único de saúde, um conceito a ser expandido para diversos outros aspectos da vida cotidiana de toda a população.
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Atualmente, a análise da qualidade da água depende da coleta do material e análise em laboratório. No entanto, até mesmo os equipamentos portáteis de identificação de qualidade de água são caros e requerem certo nível de treinamento para operação e interpretação de dados.
O desenvolvimento de sensores autônomos (sem baterias ou componentes eletrônicos) que possam retornar de modo visual as respostas ao usuário é fundamental para a identificação de condições de produtos para o consumo.
Recorrendo a um exemplo: em um futuro próximo agentes de saúde distribuirão fitas de papel a moradores de comunidades de difícil acesso. Estas fitas terão a característica de cor na presença de coliformes e/ou metais pesados. Logo, cada família poderá checar se a água coletada pode ser consumida ou não, sem que para isso seja necessária a presença de um técnico com um equipamento, substituído por uma fita de papel, que, após identificar a qualidade da água por parte do próprio consumidor, pode ser enterrada sem gerar resíduos e contaminantes ao meio ambiente.
Embora esta ainda não seja uma realidade à disposição de comunidades que vêm sendo afetadas por exemplo pelo mercúrio da mineração, há uma clara indicação de que há a necessidade urgente de investigação em estratégias “verdes” para produção de sensores colorimétricos (aqueles que mudam de cor na presença de contaminantes de interesse) associados ao requisito de que sejam de baixo custo e minimamente agressivos ao meio ambiente.
Para tanto, é fundamental que a pesquisa em nanotecnologia no país seja apoiada com foco em sensores rápidos para identificação da qualidade da água, dado o aspecto crítico que representa na saúde pública a contaminação da água por diferentes fontes.
Assim, a funcionalização de nanopartículas de ouro e prata e a química verde devem ser trabalhadas conjuntamente como estratégias para otimizar não apenas o limite de detecção do contaminante, mas também evitar o uso de reagentes nocivos ao meio ambiente, mantendo o compromisso de que o sensor, quando descartado, não leve centenas de anos para ser degradado pelo meio ambiente.
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Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciência









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