As Universidades nordestinas avançaram no desempenho de seus cursos de pós-graduação. Foi o que revelou o levantamento divulgado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com os resultados da Avaliação Quadrienal 2017 referente aos programas de pós-graduação stricto sensu em funcionamento no Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG). No nordeste, o destaque foi a Universidade Federal do Ceará (UFC) que teve 10 cursos avaliados com padrão internacional – sendo três programas com nota máxima – assumindo assim a liderança no ranking da região.
Foram analisados programas com, pelo menos, um ano de funcionamento. A nota 7 foi atribuída a 179 programas, sendo nove da Região Nordeste. A Região Norte não teve nota 7. Na Região Centro-Oeste, houve cinco notas 7; na Região Sul, foram 30 notas 7; e a Região Sudeste concentra 135 notas 7. A avaliação, no entanto, revela contrastes dentro de uma mesma instituição. Enquanto, uns cursos estão no topo, outros tiveram notas baixas e precisam melhorar para não serem encerrados.
UFC: liderança regional
Pela primeira vez três programas de pós-graduação da Universidade Federal do Ceará (UFC) obtiveram nota máxima na avaliação. Física, Matemática e Engenharia Civil: Recursos Hídricos receberam nota 7, em escala que vai de 3 a 7. Nessa escala, a nota 5 equivale ao conceito de “excelência nacional” e os cursos com nota a partir de 6 são avaliados como de “excelência internacional”. No caso dos cursos de nota 7, os programas precisam demonstrar alta produtividade e qualidade em várias linhas de pesquisa simultaneamente.
De acordo com a planilha da Capes, que não identifica a unidade da federação das instituições, foi possível observar, no entanto, alguns contrastes. Apesar do bom desempenho, a UFC teve o mestrado em Medicina 2 e Ciências da Saúde, por exemplo, avaliados com nota 3, o que colocaria os em risco de fechamento.
O professor Antonio Gomes de Souza Filho, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFC explicou que o mestrado em Ciências da Saúde é um curso novo, iniciado em 2013, no Campus Sobral. “Essa é uma unidade acadêmica nova e que ainda está em consolidação. Nossa expectativa e esforços serão para que as próximas avaliações sejam melhores”, afirmou.
A UFC foi a instituição Nordeste com mais cursos de padrão internacional: 10, o equivalente a 17% dos cursos avaliados. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) vem em seguida, com 8 cursos, e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) é a terceira, com 5.
“Essa grande conquista da UFC é um marco histórico. Interessante é que, exatamente há 10 anos, a UFC comemorava o ingresso de dois programas (Física e Farmacologia) no grupo de elite dos programas de referência internacional com conceito 6. Em uma década o número de cursos com nota 6 passou para sete, e três atingiram o nível 7”, disse o pró-reitor.
Para ele, o resultado é fruto de um trabalho continuado de várias gestões que planejaram e apoiaram a pesquisa, mas, principalmente, de uma comunidade acadêmica que se empenhou e sincronizou seus esforços para fazer o melhor. “Essa conquista da UFC coloca o estado do Ceará na liderança do Norte e Nordeste em cursos com padrão internacional”, destacou.
UFRN: mérito e muito trabalho
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) alcançou a marca de 63,3% de seus programas avaliados deste patamar em diante (igual ou superior a 4), com uma importante distinção: o Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia dos Materiais alcançou a nota máxima 7, grau inédito para um programa de pós-graduação da UFRN e raro no Nordeste, região onde apenas outros oito estão neste nível.
Assim, Junto com as pós-graduações em Ecologia e em Psicobiologia, que alcançaram conceito 6, forma a tríade de programas de pós-graduação da Universidade com desempenho equivalente ao alto padrão internacional, segundo a metodologia da Capes. Ao todo, 60 programas acadêmicos de pós-graduação da UFRN passaram por avaliação. Além das três notas já citadas, 15 programas de pós-graduação obtiveram conceito 5 e outros 20 receberam nota 4.
A reitora da UFRN, Ângela Maria Paiva Cruz, analisou que o resultado é fruto da busca pela excelência acadêmica que a atual gestão coloca em prática. “Celebrando o resultado obtido, temos muito a comemorar. Contextualizando, há desigualdades entre as regiões, pois a maior incidência de programas com conceitos 6 ou 7 é nas regiões Sul e Sudeste. Então, alcançarmos um conceito 7, é algo distintivo, uma marca fundamental, fruto de mérito e muito trabalho”, destacou Ângela Paiva.
UFPE: evolução qualitativa
A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) obteve nota máxima em três programas: Ciência da Computação, Engenharia de Produção e Física receberam nota 7. Já os programas de Biologia Animal, Ciência Política, Química, Serviço Social e Sociologia obtiveram nota 6, também considerada de padrão internacional.
Os programas com nota 4 e 5 somam quase 75% do total e houve diminuição pela metade dos programas com nota 3 em relação ao triênio 2010-2012 (a avaliação era trienal e passou a ser quadrienal). Ao todo, foram avaliados 61 programas de pós-graduação da UFPE.
“Este resultado está inserido em um contexto de fortalecimento da UFPE como universidade pública de relevância”, destaca o reitor Anísio Brasileiro. Para ele, três fatores são os responsáveis pelo sucesso da pós-graduação na Universidade: o sentimento de pertencimento e compromisso do corpo acadêmico, a qualidade da pesquisa e das publicações e as parcerias estratégicas com a sociedade. Além da luta por recursos públicos, o reitor ressaltou a capacidade da instituição de atrair mais investimentos privados.
“Tivemos um brutal corte de recursos desde 2015, então evoluir qualitativamente foi um ganho considerável”, examina o pró-reitor para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesq), Ernani Carvalho. Atualmente, a UFPE tem mais alunos de doutorado matriculados do que nos cursos de mestrado. “É uma mudança de perfil: agora somos uma universidade doutoral”, afirmou.
UFCG: entrando na excelência
O programa de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) está entre os 179 programas de pós-graduação do país (4,3%) com desempenho equivalente a padrões internacionais de excelência, com nota 7. Com isso a universidade paraibana entrou na lista das instituições com programa de pós-graduação com conceito máximo na avaliação quadrienal da Capes – que equivale a padrões internacionais de excelência.
“A nota sete obtida pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica promove ainda mais o reconhecimento internacional da UFCG”, afirmou o reitor Vicemário Simões. Na área, apenas os programas da PUC/Rio e da USP/São Carlos obtiveram o mesmo conceito.
O Doutorado em Matemática (associado com a Universidade Federal da Paraíba – UFPB), atingindo o conceito cinco, e os programas de Letras (Mestrado em Linguagem e Ensino) e o de Sociologia (Mestrado e Doutorado em Ciências Sociais), que elevaram seus conceitos para quatro, “aumentam o realce da instituição nacionalmente”, avaliou o reitor, destacando ainda o bom desempenho de outros programas.
Para o pró-reitor de Pós-Graduação, Benemar Alencar, “a avaliação também é importante para reorientar os programas que tiveram seus conceitos baixados”. Numa análise global, destacou os avanços da UFCG na área de Humanas (dois dos três programas aumentaram seus conceitos) e atribuiu os resultados adversos de Medicina Veterinária e Meteorologia a fatores circunstanciais, “uma vez que são consolidados e reconhecidos nacionalmente”.
O diretor do Centro de Engenharia Elétrica e Informática (CEEI), José Sérgio da Rocha Neto, ao parabenizar os que fazem o programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica, lembrou que o curso, já reconhecido internacionalmente, chega à pontuação máxima pelas conquistas constantes da sua graduação (cinco estrelas, em avaliações nacionais há mais de dez anos) e pós-graduação (conceito seis em avaliações anteriores), provendo os talentos que a destacam. “Todos os que fazem a Engenharia Elétrica estão de parabéns”, resumiu.
O levantamento
A Avaliação Quadrienal abrangeu, em todo o país, 4.175 programas de pós-graduação e seus 6.303 cursos em 49 áreas de conhecimento. O levantamento considera uma escala que vai de 1 a 7, na qual a pontuação igual ou superior a 4 indica bem ou muito bem avaliado.
As comissões utilizam como base para a avaliação as informações fornecidas de forma contínua pelos programas durante o período avaliado, por meio da Plataforma Sucupira. Os critérios de avaliação consideram cinco quesitos: proposta do programa, corpo docente, corpo discente, produção intelectual e inserção social. Nessa etapa houve uma mudança no sistema de avaliação que passou a adotar o intervalo de quatro anos entre as análises, período alterado em decorrência da aceleração do crescimento do sistema nacional de pós-graduação.









Leave a Reply