Foto: Luana França

Novos governantes e parlamentares devem reconhecer que Ciência e tecnologia são fundamentais

Democracia e Nação são as palavras-chave a serem defendidas pela comunidade científica. Essa é a opinião do presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Castro Moreira, em entrevista ao Nossa Ciência, durante o 1º Seminário Temático da SBPC, realizado nesta sexta (13), no auditório da Fiocruz, dentro do campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Estamos preocupados que o país seja, de fato, um país democrático, que possamos discutir políticas mobilizadoras e outras questões maiores para que o país seja uma nação com o direito e com o potencial que nós temos”, afirmou.

Definindo a atual situação brasileira como uma conjuntura muito difícil, de muito retrocesso, o presidente propõe que a SBPC e todas as sociedades científicas, acadêmicas, instituições de pesquisa, pesquisadores e professores devem preocupar-se com o quadro de degradação da democracia no país. Com o tema Ciência, Responsabilidade Social e Soberania, a Reunião Anual da entidade, em Maceió, deve retomar um papel mais combativo, semelhante ao que já ocorreu nos anos da Ditadura Militar no Brasil.

Compromissos

Seminário de Recife foi o primeiro dos oito que a SBPC vai realizar. Foto: Luana França

Justificando os vários seminários temáticos que serão realizados pelos segmentos científicos, Ildeu garantiu que a posição mais pró-ativa da SBPC resultou da falta histórica de compromisso dos governos e dos parlamentares com as questões ligadas à ciência e à tecnologia. “Durante muitos anos, nós ficamos aguardando que os partidos políticos, os candidatos façam os seus programas e os cumpram, mas em geral isso não acontece, então estamos tentando inverter o quadro no sentido de construir as propostas a partir da comunidade científica e acadêmica, levar para os candidatos e comprometê-los com isso.”

Entre os pontos que deverão compor a Carta de Pernambuco, estão a destinação de recursos em ciência, tecnologia e inovação, que sofreram cortes de grande impacto; a redução da burocracia sobre a atividade científica, com uma melhor legislação brasileira para a ciência, considerando que o Marco Legal ainda não consegue resolver os problemas dessa área; e a regionalização das ações de C&T.

“Nós queremos o compromisso dos novos governantes e legisladores, que eles percebam que ciência e tecnologia são fundamentais, mas que não dá pra funcionar sem ter recursos. Outro ponto é a regionalização. A ciência acontece nos estados, nos municípios e uma política nacional tem que estar integrada com os instrumentos estaduais e locais como as fundações de amparo à pesquisa e as secretarias de ciência e tecnologia  de cada estado”, pontuou.

Legislativo

O Congresso Nacional também será o espaço de discussão acerca dos grandes temas que afetam a vida brasileira e que têm na ciência e na tecnologia as condições para o desenvolvimento econômico e social. O primeiro ponto a ser discutido é a revogação da Emenda Constitucional 95, que congela os gastos sociais e em ciência e tecnologia por 20 anos. Saúde, transporte, energia, meio ambiente e educação também são relacionados por Ildeu Moreira como temas que devem ser discutidos no Congresso Nacional.

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